domingo, 17 de maio de 2015

Martha Medeiros - Quando um não quer - fragmentos

Comum acordo, só na hora de se aproximar. O casal se estuda, se procura,
se encontra e o primeiro beijo vem com garantia de reciprocidade. Daí em
diante é festa. Até que ambos, em silêncio, começam a avaliar o
relacionamento. Os lábios ainda se tocam, mas os cérebros mal se
cumprimentam. Cada um analisa o que está acontecendo sob um prisma
absolutamente particular, até que um deles solta o verbo e se despede.
Sobra aquele que ficou quieto.

Não existe separação sincronizada, e essa talvez seja a grande dor do
adeus. Quem é dispensado carrega a mágoa de não ter sido consultado, de
não ter tido a delicadeza de um aviso prévio, e pior, de ver-se frente a
frente com um destino que lhe foi imposto. Mesmo não havendo mais amor,
o orgulho fica sempre machucado.

Fim de caso é dor dividida: os dois lados sofrem com a saudade e a
frustração. Mas o dono das rédeas, o que teve a coragem de deter a
carruagem no meio do caminho, esse tem sua dor diluída na força que lhe
foi conferida pela decisão. A combinação é cada um ir para o seu lado,
mas apenas um consegue partir. O outro fica ali, parado, procurando
entender a imensa distância que as palavras podem provocar.

Solução? Faro fino e rapidez. O cara diz: preciso falar com você, e você
responde: sem problema, pode ficar com as crianças nas quartas e sábados.
Ele diz: tenho o maior carinho por você, mas... e você emenda: eu
entendo, eu também me apaixonei por outra pessoa. Isso é que é diálogo
de primeiro mundo, não aquele duelo de gaguejo, acusações e histerismo.
Já sabe: se hoje à noite ele vier com um papo tipo: olha, eu queria...
nem deixe o safado continuar. Encerre você o assunto: pode ficar com os
discos do Piazzolla, mas o microondas é meu. Prevenção nunca é demais.
Talvez ele queira apenas convidá-la para jantar, mas vá saber.


Não existe separação sincronizada, e essa talvez seja a grande dor do
adeus. Quem é dispensado carrega a mágoa de não ter sido consultado, de
não ter tido a delicadeza de um aviso prévio, e pior, de ver-se frente a
frente com um destino que lhe foi imposto. Mesmo não havendo mais amor,
o orgulho fica sempre machucado.Solução? Faro fino e rapidez. Já sabe:
se hoje à noite ele vier com um papo tipo: olha, eu queria...nem deixe o safado continuar. Encerre você o assunto. Prevenção nunca é demais.Talvez ele queira apenas convidá-la para jantar, mas vá saber. Martha Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...