quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Conhecendo Noam Chomsky

Nos anos 50, Noam Chomsky, linguista americano, discípulo de um distribucionalista também americano conhecido por Z. Harris, começa a propor que a linguagem não seja tão presa à classificação de dados, mas que dê um lugar importante à teoria.
Inspirado no racionalismo e da tradição lógica dos estudos da linguagem, ele apresenta uma teoria a que chama de gramática e seu estudo se dá especificamente na sintaxe que, para ele, constitui um nível autônomo e central para a explicação da linguagem.

A função dessa gramática não é ditar regras, mas envolver todas e apenas as frases gramaticais, ou seja, as que pertencem à língua. É assim que surge a Gramática Gerativa de Noam Chomsky. Gerativa (gerar – criar frases) porque permite, a partir de um número limitado de regras, gerar um número infinito de seqüências.

Esse processo é dedutivo: parte do que é abstrato, isto é, um axioma (proposição evidente por si mesma) e um sistema de regras, e chega ao concreto, ou seja, as frases existentes na língua. É com essa proposta que a teoria da linguagem deixa de apenas descritiva para ser também explicativa.

Para Chomsky, é tarefa do linguista descrever a competência do falante. Ele define competência como capacidade inata que o indivíduo tem de produzir, compreender e de reconhecer a estrutura de todas as frases de sua língua. Ele defende que língua é conjunto de infinito de frases e que se define não só pelas frases existentes, mas também pelas possíveis, aquelas que se podem criar a partir interiorização das regras da língua, tornando os falantes aptos a produzir frases que até mesmo nunca foram ouvidas por ele. Já o desempenho (performance ou uso), é determinado pelo contexto onde o falante está inserido.

O termo gramática é usado de forma dupla: é o sistema de regras possuídos pelo falante e, ao mesmo tempo, é o artefato que o linguista constrói para caracterizar esse sistema, A gramática é, ao mesmo tempo, um modelo psicológico da atividade do falante e uma “máquina” de produzir frases.

A teoria chomskiana conduz ao universalismo, segundo Orlandi, pois o que está em questão é o “falante ideal”, e não locutores reais do uso concreto da linguagem. A capacidade para desenvolver a linguagem é uma habilidade inata do ser humano: já nascemos com ela. E como a espécie humana é caracterizada pela racionalidade, a questão fundamental para essa linha de estudo é a relação entre linguagem e pensamento. Seus estudos se centralizam no percurso psíquico da linguagem como e, em conseqüência disso, no domínio da razão.    

Desta forma, a reflexão de Chomsky acaba por trazer para a Linguística toda uma contribuição de estudos nas áreas da Lógica e da Matemática e, por outro lado, apresenta uma nova abordagem até então inexplorada: estudos sobre os fundamentos biológicos da linguagem (característica da espécie humana).

Fontes
ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Lingüística. Série Princípios. São Paulo, Ática

sábado, 22 de janeiro de 2011

Bom Conselho




Chico Buarque

Composição: Chico Buarque

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

Canción por la unidad de latinoamerica








El nacimiento de un mundo
Se aplazó por un momento
Fue un breve lapso del tiempo
Del universo un segundo

Sin embargo parecia
Que todo se iba a cabar
Con la distancia mortal
Que separó nuestras vidas

Realizavan la labor
De desunir nossas mãos
E fazer com que os irmãos
Se mirassem con temor

Cuando pasaron los años
Se acumularam rancores
Se olvidaram os amores
Pareciamos extraños

Que distância tão sofrida
Que mundo tão separado
Jamás se hubiera encontrado
Sin aportar nuevas vidas

E quem garante que a história
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A história é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos

Lo que brilla con luz propia
Nadie lo puede apagar
Su brillo puede alcanzar
La oscuridad de otras costas

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama

Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos

E enfim que paga o pesar
Do tempo que se gastou
De las vidas que costó
De las que puede costar

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela


Pablo Milanes e Chico Buarque de Hollanda

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ODE DE RICARDO REIS






Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, 1-7-1916

sábado, 8 de janeiro de 2011


Há uma maré nos assuntos dos homens
Que, quando pega na cheia, conduz à fortuna;
Deixando-a passar, toda a viagem de suas vidas
Está fadada a baixios e misérias.
Em um mar muito abundante agora flutuamos,
E devemos pegar a corrente quando é propícia,
Ou perder nossos ousados empreendimentos.
(Agatha Christie)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Obrigado, violinos






Obrigado, violinos
Por este dia de quatro cordas
É puro o som do céu
E a voz azul do ar.


Pablo Neruda
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