quinta-feira, 2 de abril de 2015

Na galeria, cada clarão/
 É como um dia depois de outro dia
/ Abrindo um salão
/ Passas em exposição
/ Passas sem ver teu vigia
/ Catando a poesia
/ Que entornas no chão...
(Chico Buarque)

"Mas deliberei isto comigo mesmo: não ir mais ter convosco em tristeza."
(2 Coríntios 2 : 1)
Não fuja da dor, tampouco da alegria
- proteínas necessárias para criar sua massa de afeto.
Deixe-me apenas te conduzir por uma breve receita.
Derrame numa panela
seu sangue escorrido em lágrimas,
um pouco de melancolia,
e sua compulsiva acidez.
Coloque açúcar,
esse necessário glicêmico
equilibrante deste molho
de agonia.
Misture tudo.
Sinta o cheiro da esperança
de que a vida - ESTA vida -
apenas escoa para outros rios.
De tão simples,
apenas sai...
vai por aí - outros lugares ermos (até felizes)
Então, abandone a dureza acinzentada dos seus dias
e volte à panela:
atente para o molho-vermelho-sangue da panela.
Deposite o verde-aroma de jardim
para saborear
a liberdade de ser frágil
e absolutamente humana.
Livre.
(livre-se)

Rosane Gomes

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